quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Cinzenta de Lama

Um crime. Universal e necessariamente condenável pela humanidade e qualquer bicho sem apelo, atenuante ou desculpa. Estou a falar, claro está, dos grandes clássicos da Disney, aqueles que os ingénuos adultos obrigam as crias a ver, antigamente nos grandes salões, hoje convertidos em templos de deuses menores mas abastados e mais modernamente em espaços maneirinhos adequados ao degustar da pipoca estaladiça.

Pois se duvidas existem, vamos lá olhar para um exemplo ao acaso, ou melhor vamos olhar para o clássico dos clássicos, o infame “Branca de Neve e os sete anões”, titulo que nem sequer é prejudicado por uma tradução disparatada, pois este é o caso em que letrinha a letrinha se conservou o significado original da coisa.

Então no principio, temos o tipo das massas e poder que já velhote casa em segundas núpcias com uma gaja, que até, temos que confessar dá alguma tesão assim de olho verde e alta com gosto no vestir de negro e perguntamos como é que um avião destes se atraca ao chaço do idoso, ora pelo dinheirinho e pelas jóias e pela criadagem, o estupor até têm um castelo, assim também eu… Mensagem nas entrelinhas para as criancinhas, arranjem dinheiro que acabam por ficar com as gajas boas.

Uma puta, dirão as invejosas, interesseira e vaidosa, tanto que têm um espelho mágico, que lhe gaba as mamocas, mas que num dia amanhece cabrão e decide tramar a filha do velho. Pois há uma filha da primeira legitima, a tal Branca de Neve, leitosa assim tipo certinha que até dá nojo. Ora o dito espelho, a quem todo o santo dia a boa interrogava sobre as suas rugas, vai e diz-lhe que a miúda tava a ficar mais apetitosa que ela e ela não vai de modas, que não era de levar desaforo para o torreão, chama o criado, que se topa logo, que a andava a papar quando o velho ia dar uns tiros aos coelhos e ordena-lhe que leve a pequena a apanhar cogumelos e lhe corte o gasganete.

Ora o dito lá levou a Branquinha a passear para a floresta e já lá bem no fundo, onde só há sombras, caruma e a bicharada rasteira nem se esconde, quando se preparava para dar o golpe, assim no ultimo instante amaricou-se e largou a fugir. Pura imagem de incompetência que querem dar do povo, incapaz de cumprir a mais simples da ordens e pior que sem brio chacina um pobre animal que por ali passava para lhe arrancar o coração e satisfazer o desejo libidinoso da megera, que lhe tinha exigido saborear uns pipis em vinha de alho.

Assim a pobre, necessariamente retardada, fica abandonada, num pranto e tonta em vez de pegar no telemóvel e pedir ajuda, desata a deambular por ali até dar com um barraco a cair de podre, estereotipo que pobre só sabe viver no chiqueiro. E boa educação? Seria de imaginar que menina tão certinha a tivesse, pois mas enganam-se porque sem sequer hesitar adentra e abanca de tal forma que acaba por adormecer.

A barraca têm dono, nomeadamente é a sede social de uma pequena empresa que declara como actividade a criação de galinhas por métodos biológicos, mas que na realidade é fachada para uma operação de exploração ilícita de uma mina onde se cultivam cogumelos alucinógenos de formato cristalino e que provocam efeitos físicos secundários tão terríveis que os pobres dos trabalhadores que são sete, acabaram atarracados.

Quando os sete chegam a casa e encontram a Branca, que ressona copiosamente, nem hesitam, propõem-lhe de imediato cama, comida e roupa lavada em troca de pequenas tarefas domésticas e um jeitinho de quando em vez, que um homem também precisa disso e diz o povo que a homem pequenino, Deus compensa doutra forma, o que pode explicar mas não justifica a felicidade da rapariga nos tempos seguintes.

A chata da boa, era picuinhas e continuava a azucrinar o espelho que também gostava de alimentar a sua intrigazinha e vai conta-lhe que a Branquinha além de viva até beneficiava de avantajados, e ela num arrepio de ciúmes e maldade arruína com o nosso encanto e transforma-se num encortiçado de gente com o fim de enganar e acabar com a alegria da pobre.

Como não podia deixar de ser, voltamos ao pecado original e a traição é consumada sobre a forma de uma maçã envenenada e num momento em que Branca se entretinha em simultâneo com quatro dos generosos senhores, a bruxa interrompe, bate à pobre e apelando à gulodice impinge-lhe a fruta que no mesmo instante a deixa ali no chão como morta.

Agora mesmo depravados eram os anõezinhos que não querendo perder o entretêm, não enterraram a desgraçada e organizando-se num processo simples de rotação lá se iam orientando e de tal forma satisfeitos que a história acabou por transpirar e chegou aos ouvidos de um tal elemento da nobreza decadente que também quis ir molhar o bico e por uma boa maquia lá convenceu os anões a partilharem o pitéu. Coisa asquerosa.

Pois, mas acontece que a Branca não estava morta e como aquilo também não era vida e o príncipe cheirava tão mal da boca acabou por o bruxedo se desfazer ali na hora. No fim querem nos impingir um final feliz em que a linda menina casa com o príncipe que mata a bruxa má, mas qualquer atento repara que isto não faz qualquer sentido e a realidade é bem diferente, mas essa
história fica para outra altura que também tenho o direito ao meu suspensezinho…


Tourists-I Only want to be with you

2 comentários:

ipsis verbis disse...

Ahahahaha. A história contada assim, é sem dúvida mais engraçada..

Maria disse...

Toma lá um riso histérico(?) do qual li não gostares

LOL
ehehehhe