domingo, 22 de fevereiro de 2009

O segundo na trilogia dos passarinhos

Joãozinho Beija-flor era um homem bonito. Sempre o tinha sido. Desde muito pequenino que aqueles olhinhos brilhantes o narizinho arrebitado e um sorrisinho sacaninha eram as delicias das tias e das vizinhas o que o fazia andar sempre com as bochechas encarniçadas dos beliscões e que contribuía para lhe aumentar ainda mais o seu encanto.

Ainda os outro putos da sua idade se entretinham a jogar aos berlindes e às caricas, já o Joãozinho enfiava as mãozinhas pelas saias acima das moçoilas lá da rua, que se riam com as cócegas e ficavam muito admiradas quando lhes mostrava orgulhosamente a dimensão do seu orgulho e muitas foram as que acabaram vitimas das novas brincadeiras que teimava em lhes ensinar, sobre o que podiam fazer com aquilo.

Quando se fez adulto, tinha já uma reputação de fazer inveja a qualquer dos galifões do bairro e era olhado de lado quer pelas mulheres que só não o papavam se não pudessem, quer pelos homens que até o papavam se o apanhassem a prevaricar com a sua legitima. A coisa começou a ficar perigosa e o Joãozinho que era mais de amores que de rancores, decidiu que estava na hora de fazer as malas e pirou-se para a grande cidade.

Agora punha-se um problema, é que o Joãozinho, tinha dedicado tanto tempo com as mulheres que não tinha sobrado para estudos, nem para aprender oficio e faltando-lhe os confortos da casa materna, tinha que arranjar uma forma de ganhar a vida, alem de tudo era calão, gostava de se apresentar bem vestido e penteado e os empregos que lhe apareciam não eram compatíveis com aquilo que ambicionava na vida.

Não foi necessário pensar muito para descobrir como capitalizar as suas capacidades de atracção ao sexo oposto e depois de ver um filme sobre o assunto, fez-se gigolô.

(To be continued)


Caetano Veloso-Fina Estampa

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