quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Cruzar de fronteiras


Bye bye MMIX, bem-vindo MMX…


Temos a tendência de inventar fronteiras, riscos no espaço e no tempo que atravessamos com vontade de mudança e hoje iremos cruzar mais uma. Este foi para mim um ano de grandes transformações e como em todas transformações há sempre coisas más e coisas boas. Este foi um ano de muitas velocidades, de desconstruir para construir, de fins e princípios. Fiz e desfiz, assumi o que estava mal e iniciei novos caminhos, o que será será e será consequência da minha escolha e isso deixa-me cheio porque sou hoje dono das minhas consequências.

Neste novo ano retomarei os meus escritos, sobretudo o Louco e os Privilégios do disparate aparte isso sei que as responsabilidades profissionais me irão tomar muito tempo, pelo que as deambulações pelos vossos blogs serão mais difíceis mas tentarei sempre arranjar tempo para vos visitar e deixar os meus acrescentos.

Para já tenho dois desafios para responder, por acaso da mesma pessoa que além de ser meio louca é também egocêntrica, mas como é um doce de miúda lá me convence a alinhar nestas coisas. O primeiro desafio é escrever um episódio do louco inspirado numa música que me enviou e será o dia 20 a publicar no início de Janeiro. O segundo é ser júri num concurso que aquela cabecinha estranha inventou e que desde já vos convido à participação, até porque o prémio é tentador e penso que já vos disse que a miúda é louca…

Podem saber mais no link abaixo mas não lhe digam que vão da minha parte senão ela fica convencida que me endrominou.

http://omeucarroelindo.blogspot.com/2009/12/historias-do-arco-iris.html

Para quem aqui passa pelo prazer de me ler pode contar que aqui continuarei a escrever por esse prazer e sou sincero neste desejo de que este ano que vai começar seja o melhor ano das nossas vidas!


U2-New Years Day

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Privilégio do Disparate – (IN)Mundanismos [3] – É Natal… É Natal…


Na terra onde nasci e onde cresci e por onde fui ficando, havia um ceguinho que se profissionalizou na arte de pedir esmola, homem visionário que se antecipou no tempo e que viu antes de todo um povo que o nosso futuro estava em estender a mão. Todo o santo dia este homem, ocupava o seu local de trabalho na rua principal e oscilando o corpo numa performance muito treinada lá ia cantando a sua ladainha e recolhendo as moedinhas das boas almas ou clientes habituais que por ali iam passando. Dizem as más-línguas que quando morreu descobriram em sua casa uma pequena fortuna em dinheiro e relativamente a esse facto eu apenas comento que antes isso que a ter aplicado toda no BPN e o que me importa é que quando chegava a esta altura do ano o ceguinho mudava a sua ladainha costumeira e dizia de 10 em 10 segundos: É Natal… É Natal…

Muito se fala sobre o Natal sobretudo nesta época do Natal e muitos o exortam e outros não podem passar sem ele e também há aqueles que o odeiam e os que o usam para criticar a hipocrisia da humanidade e os outros como eu que pensaram usá-lo para se lamentar das desgraças e auto flagelar-me mas depois comi meia dúzia de navalheiras e bebi um par de coronas e para respeitar a tradição ainda uma fatia de bolo rei, na realidade comi duas e passou-me a neura. Assim este texto que era para ter começado com um chove lá fora porque o céu chora por aqueles a quem lhes falta no Natal, sobre o efeito das Coronas, que para quem não sabe é a melhor cerveja do mundo e que deve se ser bebida pela garrafa com um gomo de lima enfiado no gargalo e eu não tinha e usei limão o que não é a mesma coisa, foi transformado numa outra coisa mais alegre e aconchegante e a realidade é que chove lá fora apenas porque estamos no Inverno.

Pois é Natal. Este ano o povo na sua infinita sabedoria e naquela nossa mania de copiar tudo o que vem de Espanha decidiu abandonar o Pai Natal da Coca-Cola pendurado numa corda à janela e voltar à devoção ao Menino Jesus o que claro me alegrou bastante porque este blog estava a precisar de ser divulgado e toda a publicidade é bem vinda mesmo a má publicidade e má publicidade porque há que admitir que as imagens que se penduram por todo o lado são mesmo muito feias e que a malta se esquece que o J. Cristo era filho de gente vulgar e não da Angelina Jolie e do Brad Pitt e que a probabilidade de ter a testa enrugada e o nariz torto será grande.

Não quero ser mal interpretado e olhado com um bicho esverdeado nem visitado por fantasmas, nada tenho contra o Natal e muito me alegra a alegria dos outros e este texto apenas pretende dar algumas pistas para o desvendar do mistério do Natal que tanto inspira e faz transpirar e com sinceridade e não tendo o tempo nem a disposição de visitar todas as casas reais ou virtuais de quem gosto e a quem quero bem a desejar um bom Natal ou votos pré-formatados, venho expressar a todos aqueles que por aqui tem a coragem de passar o desejo de que este Natal vos traga por motivações positivas, negativas ou de indiferença, vontade de viver e de ser melhor, não porque é Natal mas porque descobriram que a vida vale a pena ser vivida e sempre se pode melhorar.


The Pogues and Kirsty MacColl - Fairytale of New York


(Kirsty MacColl foi morta num acidente de barco num mês de Dezembro poucos dias antes do Natal, morreu ao salvar o filho. Quem a matou foi julgado como homicida e condenado a pagar uma multa de €50… A justiça divina deveria substituir a dos homens sempre que aplicável, mas ainda não era Natal.)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Musicalidades com condimento #15

Falta-nos na vida dois botões…

Falta-nos na vida um botão de “Fast Forward” para chegar …

Falta-nos na vida um botão de “Rewind” para voltar…



Concha Buika - La Boheme

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O Privilégio do Disparate – (IN)Mundanismos [2] – Técnicas avançadas de marketing


Se perguntar a quatrocentas e vinte oito mulheres o que é que a Leopoldina e a Popota tem em comum arrisco-me a que quatrocentas e catorze me dêem respostas que vão discorrer sobre espécies animais, estatura, peso, personalidade, cor dos olhos, textura da pele, aeróbica, artes marciais, moda, roupas, sapatos, dança e outras coisas que só as mulheres poderiam discorrer, outras onze pura e simplesmente vão ignorar-me com desprezo e aquelas três a quem tive mesmo muitas dúvidas se deveria perguntar vão devolver-me a pergunta com outras perguntas a que fujo de responder porque são feias como a parte de trás de um desastre e eu sou um rapaz sério.

Se perguntar a qualquer homem, invariavelmente me dirá: “mamas!”.

Eu sou agnóstico o que quer dizer que estou pronto para acreditar desde que me mostrem, até me podem enganar com uma boa ilusão, mas estou pronto a acreditar. Muita gente que não é agnóstica como eu acredita que Deus fez o homem à sua imagem e que depois lhe sacou uma parte que não lhe fazia muita falta e fez a mulher. Ora dizem, não sou eu que digo, dizem que a mulher foi feita a partir de uma costela do homem e dizem, não sou eu digo, dizem que foi feita para que o homem não se sentisse só ou seja se quisermos ser mauzinhos e aí já serei eu a dizer, a mulher só aparece porque não havia ainda Playstations, nem Sport-tv, nem garrafas de cerveja de abertura fácil e latinhas de amendoins e cajus baratas nalguns supermercados ou seja a mulher nasce como um parque de diversões o que explica o porquê de ter mamas.

Não me perguntem porque é que os homens gostam tanto de mamas, mais ainda porque é que a maior parte dos homens gostam tanto de mamas grandes, eu por mim porque tenho a mania que sou erudito gosto de mamas com carácter ou na falta dele de mamas grandes. Não é por acaso, de modo nenhum inocente que a Pópinhas e a Leopinhas viram evidenciados aquele par de atributos que convence qualquer pai babão ou mãe que diz que é moderna de espírito aberto e um enorme sentido de humor mas que na realidade tem uma inveja do caraças, a comprar todos os brinquedos que os putos mais otários escolheram na carta que escreveram ao pai Natal ou aqueles que os mais espertos simplesmente marcaram no catálogo do hipermercado.

Quer se queira quer não se queira e eu quero, se não bastassem todos os outros argumentos as mulheres tem mamas o que é uma vantagem desleal e deveria de haver uma comissão reguladora e avaliadora que regulasse e avaliasse e não pensem que, ao contrário de tantas outras comissões, que são um peso oneroso para o erário público esta o seria porque não faltariam voluntários dispostos a acabar com esta injustiça e regular e avaliar e apalpar porque tem que haver evidentemente benefícios fiscais para fomentar o mecenato e o voluntariado.

Parem um bocadinho para pensar e meditem nas consequências que podem ocorrer se de repente todas as cadeias de lojas de brinquedos começarem a recorrer às mamas para aumentar as vendas… é que caso não se lembrem a mascote da Toys r us é uma girafa… macho… que se chama Geoffrey e assusta-me muito imaginá-la transsexuada com hormonas ou cirurgia a abanar as mamas novas em frente às criancinhas. São coisas destas que me tiram o sono…


Black Eyed Peas - My Humps

sábado, 12 de dezembro de 2009

O Privilégio do Disparate – (IN)Mundanismos [1] – O ser Português


É inevitável sou Português! Primeiro tive as minhas suspeitas quando fui confrontado a Oeste com uma imensidão de água que pelo sabor e textura me pareceu o atlântico e a Este com uma gente arrevesada que fala de uma forma tal qual a do Dartacão de modo bem audível e com a mania de que são melhores que muitos e se calhar até são mas nunca o havemos de aceitar até porque historicamente já os vencemos três vezes, tanto quanto julgo saber e a última foi com um golo do Nuno Gomes, aquele puto do Benfica de cabelo comprido e eterno ar de puto que eu até acho que ocupa sobretudo espaço, mas há muitos mais especialistas disto da bola que eu que não percebo nada disto e que dizem que é bom que ele ocupe espaço, já agora para quem não sabe ou nunca quis saber, o Benfica é um clube de bairro que cresceu um nadita e se tornou o entretêm preferido de conversa quando se quer falar de futebol ou de outra coisa qualquer e o futebol é o desporto que mais homens praticam sem nunca se terem cansado. Depois foi a língua que me fez ainda mais desconfiado, a malta à minha volta toda comunica com uma espécie de dialecto deslavado parecido com o Brasileiro e eu quando interrogado respondia e entendiam-me, está bem que nem sempre mas o que é certo é que mesmo em discordância ou ignorância havia ali qualquer coisa de muito parecido com comunicação. Por fim a forma de estar no mundo, tão nossa e só nossa que nos faz seres únicos e inequívocos.

Eu sou Português o que implica inerentemente ser um gajo porreiro. É verdade! até me pisarem os calos ou me confrontarem quando estou ao volante ou tentarem ultrapassar na bicha para meter o totoloto, sou um gajo porreiro. Isso não faz de mim manso ou mais ou menos apto para enfrentar a vida como homenzinho mas sobretudo um gajo pacholas para ter uma conversa sobre assuntos sem importância, bom para beber um copo ou dois ou uma grande bebedeira de cair de caixão à cova ou pura e simplesmente um tipo bom para ter ao lado numa hora difícil, fácil de angariar para causas que precisem de manadas ou para me esfalfar para falar Espanhol ou Inglês ou Francês ou mesmo Alemão com estranjas que vem para cá passear e não fazem o mínimo esforço para falar a nossa língua e ainda ontem pude apreciar uma que por acaso era boa como milho a pedir no self-service lechuga quando toda a gente se tirasse os olhos do rabo da miúda via que aquilo era alface e da meio ranhosa de folha velha.

Perguntem a quem quiserem e a primeira coisa que vão dizer da malta é que somos porreiros, somos e devemos ter orgulho disso, eu prefiro ser um gajo porreiro a ser cabrão ou fiho-da-puta, pelo menos numa primeira impressão, mas não pensem que para ser português basta ser porreiro, não mas ajuda muito e sobre as outras coisas que nos fazem ainda mais Portugueses voltarei a falar mais para a frente, entretanto fiquem com um conselho de um gajo porreiro, a melhor forma de ter sucesso neste nosso País é apelar ao nosso porreirismo, mas cuidado somos porreiros mas não gostamos de ser otários e aliás nunca somos otários porque esses são os estranjas que nos visitam e que mamam a lechuga ranhosa e por isso se nos quiserem encular com qualquer treta porreirista façam-no de uma forma porreira se faz favor.

Porque é natal e sou Português ou um gajo Porreiro, venha o que vier primeiro, aqui vos deixo uma musiquinha que já não ouvia há uns anitos e que alguém decidiu que era uma boa musiquinha de Natal e não vai de modas, árvore gigante a ofuscar o monumento fálico do Cutileiro, luzes acção e pimba para acompanhar o espectáculo arrefinfa-lhe com uma mariquice anti-guerra como se fosse um cântico natalício, somos ou não somos uns gajos porreiros?


Jona Lewie - Stop the Cavalry

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ghost of Christmas past




Chingon - Malaguena Salerosa

domingo, 6 de dezembro de 2009

Musicalidades com condimento #14


Hoje sinto-me bem comigo e se calhar por isso apetece-me abrir a janela e soltar o ar que armazenei no peito nos últimos tempos.

FODA-SE!!!! Quem me conhece sabe que não é bom ter-me como inimigo.

FODA-SE!!!! Quem me conhece sabe da minha elevada inteligência selectiva e que quando me empenho e a canalizo para uma causa dificilmente me param.

FODA-SE!!!! Quem tem obrigação de me conhecer melhor sabe que a única forma de me vencer sem perder é não entrar em guerra comigo…

Esta música que escolhi é a ideal para abrir a janela e soltar o ar que armazenamos no peito por isso aqui vos desafio, ponham-na a tocar o mais alto possível e enfrentem quem merece a vossa ira e gritem comigo:

VAI PARA O CARALHO!!!!



Muse- Uprising

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Diário de um louco impoluto – Dia 19


Acordei hoje com a memória enublada de ontem, acordei enrolado sobre o meu corpo e o dela enrolado entre os dois. Acordei de uma noite sem sonhos ou sem lembranças de ter sonhado e com a boca seca como se tivesse matado a fome com papel velho. Mexi-me na tentativa de desenrolar o meu corpo do seu sem a acordar e ouvi dos seus lábios um gemido indistinto de causa. Levantei-me e deixei-a nua sobre a cama, a pele lisa oscilava com a respiração serena e apetecia-me senti-la com as mãos ou ser mais audaz e acordá-la com um manto de beijos.

Entrei na banheira e abri a torneira sentado na borda enquanto esperava que água me aquecesse a mão perdida debaixo do fluxo que me escorria dos dedos e dos olhos que vagueavam pelas vagas dos pensamentos vazios e num momento senti o calor e estremeci de susto e de dor e de realidade. Accionei o chuveiro no botão, a água corre-me desde a base do pescoço e lentamente traz-me de volta ao mundo no mesmo fluxo que me leva as gotas por entre os dedos em direcção ao fundo, vejo ainda o fio de água e consigo descriminar cada gota no espaço até explodir numa superfície imaculada de branco a meus pés, vejo cada gota a abrir como uma flor e a cada instante sinto o tempo acelerar e retomar o seu ritmo e a água a deixar de ser um fio mágico de gotas que se abrem em flor a meus pés mas apenas um liquido quente sobre um corpo que desperta.

Sinto-lhe a respiração antes de lhe sentir o toque. Sinto o seu toque nas costas e a respiração na nuca e depois o abraço por trás com o peito que me acaricia, sinto o conforto dos seus pêlos púbicos que me roçam as nádegas e me fazem crescer de tesão e a sua mão que toma a posse do meu sexo. Volto-me e beijo-lhe os lábios enquanto a água nos cai por entre os corpos de novo enrolados. O barulho da água que cai expande-se nos ouvidos, ouço agora outra água que cai em forma de chuva sobre o metal da guarda da janela e se espalha no vidro, apetece-me abri-la e deixar que o chuveiro dos céus se junte à água quente e nos lave e nos leve de novo a um tempo mais lento.

Estamos cobertos de água e inundados pelo som da água que nos envolve e seguro-lhe o rosto com as mãos e vejo que outra água lhe sai dos olhos e pergunta-me do que me lembro da noite e eu digo-lhe que nada ou quase nada, que bebemos até o tempo parar e que acordei com a água quente que agora partilho e ela diz que me inveja porque o tempo não parou para ela e que se lembra de tudo o que me disse e tudo o que lhe disse e de tudo o que eu não a deixei dizer e de tudo o que não me deixou dizer e as lágrimas correm agora mais quentes que a água quente que chove cá dentro e mais frias que a água fria que chove lá fora e eu afogo-me perdido no meio de toda aquela água sem saber mais o que lhe dizer.

Pede-me que a deixe só, pede-me só que a deixe, pede-me que a deixe ser de novo só ela e a esperança de o tempo passar sem dor nem sentir e que não a deixe só com a esperança a sentir que vai apenas e de novo sentir a dor de estar só e lá fora a chuva não pára de cair e eu perco-me nas suas palavras de solidão e dor e abandono e desesperança e quero dizer-lhe que serei algo mais do que posso ser mas não consigo e as palavras afogam-se na garganta e lá fora a chuva não para de cair e eu afogo-me nas lágrimas que lhe escorrem nos olhos e prometo-lhe que não lhe farei promessas e afogo-me no vazio do que lhe digo e pede-me que a deixe só e eu saio para a rua e deixo que a chuva me escorra o cabelo para que me possa trazer a memória das palavras que deixei afogar.


Massive Attack – Teardrop