quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Privilégio do Disparate – (IN)Mundanismos [11] – O ter que ser Português


Não sou especialista nem em economia nem politica, aliás, bem vistas as coisas tenho uma daquelas profissões chatas em que não somos especialistas em coisa nenhuma e quando parece que sabemos um bocadinho mais de qualquer coisa a coisa torna-se irrelevante. Embora não sendo especialista, sempre vou ouvindo aqui e ali que isto está muito mal e que somos um povo à beira do abismo a quem os governantes e orientadores diz que a única saída é apertar o cinto e seguir em frente. Sei que a piada é velha mas não encontro melhor alegoria que esta e até percebo que estando à beira do abismo tudo se resolva com um salto de fé desde que a altura me garanta que não haverá contas de hospital para pagar e que quem vier atrás pelo menos consiga arranjar um buraco para me enterrar porque eu não gostaria de ficar por aí a cheirar mal.

Na realidade não percebo nada de politica nem de economia nem de sociologia o que a bem dizer me habilita como bom Português a poder opinar sobre qualquer assunto em conversas de corredor, vizinhanças de máquinas de café e balneários sem ter receios de dizer asneiras. Por isso na minha humilde opinião sempre vos digo que acho que o Português se deixa cozer bem em lume brando e que não será por acaso que somos os inventores do banho Maria que como toda a gente sabe é a melhor forma de aquecer o arroz sem o esturricar ou o deixar agarrar à panela. É por isso que os nossos pastores nos conseguem tão facilmente levar a qualquer lado e a malta embora resmungando e com alguns arrebites esporádicos lá vai arrastando os pés e agora espanta-se por já não haver mais caminho em frente.

Outra das nossas características tão invejada pelos povos daqueles países mais sérios da Europa central é a nossa capacidade de sermos parvos com um enorme sentido de humor e ontem depois de ver os mineiros Chilenos saírem do buraco não faltou comediante nacional que não alvitrasse que o método se calhar com jeitinho podia ser ampliável de 33 indivíduos a 10 milhões de artolas e que qualquer dos mineiros daria um bom consultor de ministro em Portugal. Enfim dá para sorrir e a malta gosta mesmo é de rir e não sei se já repararam que é fácil encontrar na cara dos nossos idosos aquelas rugas que se abrem do nariz aos lábios, sinais do tempo e de tempos de muita galhofa.

Depois há aquela lei dos “F’s” que diz que ao Português para estar entretido e não chatear muito basta ter com fartura coisas começadas por “F” e claro que aqui virão os tais brincalhões danados para a brincadeira falar de Foder ou ser Fodido, mas não, eu estava mesmo era a pensar em Futebóis e Fátima e Folhetins que a moda do Fado já passou e dirão os teóricos conspirativos que não é por acaso que agora com a grande crise instalada e o anuncio do orçamento para 2011 se reinventou o “grande irmão” ou que a selecção se deixou atrasar para depois se contratar um salvador com tranquilidade e risco ao meio ou que ontem foi dia 13 aqui e na Cova da Iria…


Talking Heads - Once In A Lifetime

7 comentários:

Francis disse...

"Outra das nossas características tão invejada pelos povos daqueles países mais sérios da Europa central é a nossa capacidade de sermos parvos com um enorme sentido de humor e ontem depois de ver os mineiros Chilenos saírem do buraco não faltou comediante nacional que não alvitrasse que o método se calhar com jeitinho podia ser ampliável de 33 indivíduos a 10 milhões de artolas e que qualquer dos mineiros daria um bom consultor de ministro em Portugal. "

http://edpirata.blogspot.com/2010/10/t0-kitchnet.html

Aqui está.

Storyteller disse...

Mas por que raio tu demoras uma eternidade para escrever qualquer coisa? Falta de inspiração (não acredito) ou falta de disciplina (inclino-me para aqui)?
O problema é que tu não escreves com a regularidade que deverias e nós ficamos prontos para te aborrecer a molécula, mas trocas-nos as voltas e pespegas aqui com pérolas, o que torna difícil «fazer-te amor à paciência».

Não percebo nada de política nem de economia. Tal como tu, também eu não sou especialista em nada e tenho a mania que sei um pouco de tudo (esta mania não é «tal como tu»; é uma característica unicamente minha) e sei que ontem fartei-me de chorar ao longo do fia conforme ia sabendo da subida á superfície de cada mineiro. Não sei se estou a ficar com o coração mole (espero bem que não, pois tal faria mossa à minha reputação de tipa durona e insensível), se estou com as hormonas aos saltos (que imagem mental linda, realmente!) ou se pura e simplesmente aquilo era mesmo emocionante e digno de eu mostrar alguma humanidade para com o outro. Adiante!

Quanto ao teu texto... às vezes dá-me raiva sermos um povo tão pachorrento. Porreiro, pá!

Tchau! Beijo lambuzado!

Já agora... quando é que te dignas a responder aos comentários dos teus leitores? Ah, pois é!

Tá na laethanta saoire thart-Cruáil an tsaoil disse...

Por isso vos digo

na minha humilde opinião

vos digo que acho que o Português não se deixa cozer bem em lume brando por estrangeiros
mas consegue cozer bem os seus compatriotas


e que não será por acaso que
dizemos que
somos inventores de tudo e
do banho da Maria
que como toda a gente sabe é a melhor forma de aquecer o lugar sem o esturricar ou sem o deixar de se desagarrar à panela.

somos gente com manias de grandezas
que já duram há 500 anos

Storyteller disse...

*dia.
E não fia, que essa é a feira internacional de artesanato; ou a federação internacional automóvel; ou a terceira pessoa do singular do presente indicativo do verbo fiar; ou o que a aranha faz; ou «fia-te na Virgem e não corras»; ou...

Cirrus disse...

Um povo à beira do abismo??? Não, esse é o país. O povo desenrasca-se... que remédio!

Texto feliz.

Anónimo disse...

JASUS eu tava mesmo a pensar que férias falcatruas festas foder falar e fornicar a paciência dos vizinhos fosse o desporto português

Gata2000 disse...

Eu fico feliz por sermos capazes de nos rir, senão iamos ter muito que chorar porque se avizinham uns tempinhos ...de merda