Parece que já não vale muito a pena falar das vuvuzelas por isso vou continuar a falar no Facebook e não me venham dizer que fiquei viciado na coisa porque é mentira, só lá vou sempre que posso e os rumores de que me levanto a meio da noite para fumar um cigarro e ver se tenho comentários são calunias, eu só não deixo de fumar porque não quero, tiro prazer da coisa e tenho uma certeza inabalável de que não irei morrer disso. Tenho que confessar que antes de ter entrado neste admirável mundo de amizades, convívio e galhofa e quiçá fruto da minha ingenuidade e juventude, pensava que o Facebook não era mais que uma espécie de clube tuperware para troca de mimos sobre futilidades e claro havia apenas o tal famoso farmville que entretinha a malta.
Quando me comecei a amigalhar, palavra que ao contrário de mudasti merece entrar no léxico nacional, primeiro porque faz sentido e é fácil de conjugar, eu amigalho-me, tu amigalhas-te, ele amigalha-se, nós amigalhamo-nos, vós amigalhai-vos, eles amigalham-se e por aí fora e segundo porque não faz publicidade a nenhuma beberragem açucarada de utilidade duvidosa, logo percebi que o Facebook era muito mais do que eu podia imaginar ou sonhar. De repente o meu espaço começou a ser invadido por ofertas de pedidos ou pedidos de ofertas de coisas fantásticas, assombrosas, mirabolantes plenas de graça imaginação e fantasia. Havia Ilhas e fronteiras e gangsters e máfias e parques de diversão e bolinhas de sabão e abraços e beijinhos e flores e questionários de tudo e algo mais e o primeiro conselho que me deram quando me olharam no olhos e me viram em pânico a tremer a olhar para aquilo tudo foi: Elimina.
E aprendi aos poucos a eliminar. Sempre que me aparecia algo estranho, pimbas eliminava e já não me aparecia mais. Esta capacidade que o Facebook nos oferece de eliminar o que nos desagrada é o que mais me agrada no sistema porque não se fica apenas pelas jigajogas e traquitanas, mas pode ser estendido a pessoas. Sim perceberam bem o Facebook permite ao comum dos mortais eliminar pessoas e tanto quanto sei continuando a passar pela casa partida sem ter que ir parar à prisão.
Por isso meus amigos façam como eu, se sabem daquela pessoa chata cuja infelicidade vos bateu à porta no dia em que a conheceram e que teima em vos lembrar que ainda mexe e que mantém intacto o talento de debitar disparates mais rapidamente que a vossa vontade de verem se têm comentários novos ou que insiste em divulgar testes que atestam a sua imbecilidade ou que dizem que ela é o supra sumo da batata ou que explicam que grande amante ou beijoqueira se tornou quando vocês até sabem que o xarroco de olhos esbugalhados esquecido há dias na banca da peixeira e que a ASAE se o apanha leva para parte incerta, beija infinitamente melhor, eliminem.
Eliminar no Facebook é gratuito, a pessoa eliminada desaparece, nunca mais a vêm e ainda tem a vantagem de que ela também não vos consegue ver. Do ponto de vista virtual é quase tão bom como voltar atrás no tempo e nunca ter saído de casa naquele dia fatídico…
Durutti Column-The missing boy