domingo, 15 de fevereiro de 2009

Ontem

Hoje é dia 15 de Fevereiro e não é dia de nada.


Neste dia podia-se festejar o nascimento de Galileo Galilei, certamente mais racional que festejar o dia de ontem em que se celebrou a decapitação de um homem vulgar que por ser teimoso chegou a santo.
Odeio o dia de ontem, verdade constante no que me diz respeito, mas reforçada por ontem, alem de tudo o resto ter sido mesmo ontem.
Neste mundo de gente só a razão que inventaram para justificar o dia de ontem é tão imoral como celebrar o dia do desperdício como o feriado continental de África, de Angola à contra costa.
Ontem vi numa grande superfície comercial, promover a venda de maçãs, sobre o pretexto de as embrulhar no significado de ser ontem e as pessoas paravam e consumiam a ideia e apeteceu-me evocar o meu direito de partilha de nome e expulsar a pontapé os vendilhões do templo do consumismo.
Ontem assisti à celebração da hipocrisia, da ejaculação do dever cumprido, da aceitação da mentira e da expiação de mais um ano de esterilidades sentimentais.
Felizmente que hoje já não é dia de nada e vamos regressar heróis aos nossos casulos como larvas, sabendo que daqui a um ano podemos voltar a emergir como bichos de outra cor.


Assim terminou Kubrick o seu “Estranho Amor” e nada me parece mais apropriado…



Vera Lynn -We'll Meet Again (Dr. Strangelove final scene by Stanley Kubrick)

1 comentário:

mf disse...

Ontem dei graças a Deus por ter andado tão ocupada que só a 'desoras' me lembrei que dia era. Não assisti a demonstrações de nenhum tipo, mas sei que à minha volta nem toda a gente vive este dia de forma hipócrita. É pelos que ainda vivem o Amor que eu continuo a acreditar que ele existe.