sábado, 20 de março de 2010

Fabulando [2]


e o Januário acabou a ir pelos ares…
…E aterrou estatelado no solo com todas as penas em desalinho meio tonto senão tonto de todo sem perceber o que se tinha passado, o pato ria a bandeiras despregadas com o bico tão aberto que parecia que só tinha bico e a vaca de pernas bem escancaradas e rabo no chão esfregava a genitália na relva e gritava de aflição. Januário que podia lá ter a mania que era galo mas no fundo era boa ave, levantou-se a correr em direcção à vaca para lhe perguntar: “magoei-te querida? Fui muito bruto?” o que ainda fez com que o pato mais se desmanchasse, tanto que quase só faltava cobri-lo de arroz e levar ao forno. A cena era realmente digna de um bom realizador Italiano daqueles que é pecado dizer que não se percebe patavina o que querem dizer, a vaca que se esfregava com ar doloroso, o pato que se rebolava de asa na barriga a grasnar risadas e o pobre do Januário galo de boa criação aflito com a donzela em sofrimento.
No fim tudo se acalmou e a Vaca que até tinha nome mas que o guardava só para si porque na vida que levava gostava de o preservar a bem da família, lá se recompôs das pernas e depois de respirar fundo uma ou cinco vezes pediu desculpa ao galo porque não sabia o que se tinha passado e que nunca antes se tinha passado daquela forma e ambos se viraram para o pato como se à espera que dali, viesse a sabedoria que os esclarecesse e este quando reparou que só ele ainda achava graça à história de uma vaca quase entrar em dores de parto quando acirrada por um galo velho lá encolheu os ombros e disse ao galo que o melhor era irem beber um copo à tasca do Horácio porque pelos vistos a vaca era alérgica a cabidela. Ahhh, disseram vaca galo com alívio e o pato que era sacana como um macaco não pôde deixar de reparar na ironia do trocadilho.

O Horácio contrariamente ao que se podia por um momento pensar não era um cavalo mas um cão rafeiro que se dizia perdigueiro e que era dono de uma taberna ao fundo da terra no cruzamento da estrada que vinha debaixo com a outra que ia para cima. Animal vivido tinha sempre uma boa história para contar desde que não se fosse para o tasco fazer sala e sorriu quando viu entrar as aves, o pato que conhecia pelo nome de Alfonso ou lá o que era e o seu grande amigo Januário de que se lembrava desde o tempo de pinto, recebeu-os de patas abertas e logo perguntou o que queriam beber. Ficaram-se pelas cervejas porque estava calor e lhes apetecia leguminosas mas que estavam salgadas como tudo e atrás de um pires veio outro e passado um bom bocado já atafulhavam os bicos de gargalhadas e cascas de tremoço e a mesa composta com canecas alinhadas pelas asas.
O Horácio ao vê-los tão animados foi-se chegando e num sussurro disse-lhes que tinha uma coisa para contar mas que só sobre juras de segredo daquelas inquebráveis sob pena de lhes cair todas as penas, lhes podia contar…



Madness - One Step Beyond

23 comentários:

Cirrus disse...

Mau, queres ver que tenho de continuar a história?? Queres que o Horácio também afiambrou a vaca?!

Storyteller disse...

Não sei porquê, mas esta tua fábula faz-me lembrar aquela linha da LEGO chamada Fabuland...

COntinua a não ser o meu tipo de texto, mas tudo bem!

Nova questão existencial: se a vaca era galdéria, porque lhe chamas tu donzela?

Bom Domingo! Sem beijos!

Ana disse...

Pá, tão??? cadê o resto?????? não podes aliciar a malta e depois não lhe dar nova dose, páh!

Ana disse...

Inda nãO??

Ana disse...

Bem, eu gosto de fábulas...

Anónimo disse...

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LBJ disse...

Cirrus,

Não, o Horácio não afiambrou a vaca, a história é outra, sempre te digo que o Horácio era embarcadiço… ;)

Abraço

LBJ disse...

Story,

Pois foi aí exactamente que me inspirei, já eras nascida? :)

Queres ver que agora as galdérias não podem ser respeitadas? Eu até te diria que gosto de galdérias mas posso ser mal interpretado. :D

Beijos Lambuzados à segunda-feira

LBJ disse...

Vani,

Aguenta aí um bocadinho que a história continua daqui a uns dias.

beijos

LBJ disse...

Vani,

Nope, só daqui a uns dias.

Beijos

LBJ disse...

Vani,

Eu também.

Exercício para a semana, relaciona cada pessoa que conheces com um bichinho de estimação, vais ver que ficas entretida por um bocadinho :D

Beijos

LBJ disse...

Anónimo,

Ahhhh, os fabulosos mistérios do mundo escondido do fazedor de dinheiro de chapéu preto, as histórias que eu podia contar sobre isso...

Nuno Amado disse...

Esse pato já merece o arroz desde o princípio deste "Fabulando"...
:D

Storyteller disse...

Claro que era nascida!
A linha Fabuland existiu entre 1979 e 1989 e era brutal!
Deixa-me partilhar um segredo contigo: sou completamente apaixonada pela LEGO!

A mim, Horácio faz-me lembrar o dinossauro cabeçudo lindo do Maurício de Souza.

:D

Ana disse...

Oh páh, pá semana, o cacete!!

Tocá escrever!! Vá!!

Jove - cavalo ahahahahah!
Mana - leoa uhuuhuhuhuh
Mãe - escorpião ihihihihih
Pai - macaco uhuhuuh

pronto, já tá.

Tão??

Inda não??...

Ana disse...

Uiiii, o Lego ihihih! as minhas primeiras casas de bonecas eram feitas de Lego! mobilia incluida!

LBJ disse...

Bongop,

Por acaso não gosto muito de arroz de pato, mas vamos ver o que se arranja ;)

Abraço

LBJ disse...

Story,

O que eu gostava da fabuland e desses tempos...

Claro que conheço o Horácio do Maurício de Souza, mas o trocadilho era com o namorado da Clarabela que é um cavalo mas isso claro que tu sabes.

Agora há um trocadilho tão óbvio que só o pato percebeu, procura lá...

Mais beijos lambuzados

LBJ disse...

Vani,

Pronto tá bem eu escrevo :P

Só conheço a mana e leoa parece-me bem :)

Beijos

catwoman disse...

Como não há duas sem três fico há espera do resto, também gosto do Lego. E prontos, não me alongo, pois tenho estado afastada algures entr o aqui e o ali, entere o hum e o que tá-se bem, portanto não tenho andado com espiríto para te chatear e não te quero mal habituado.
Agora tenho que ir ali para o lado do ai! ai! e já volto. beijinho.
PS: já não tenho tempo e lá te vou deixar com ideias de que eu ando para aqui a ver passar comboios: gostei do texto sobre os comboios, tem algo de Casablanca.

LBJ disse...

Cat,

O resto virá um dia como tudo o resto. Tu sabes que não me chateias.

Sabes que no Casablanca não há comboios, há aviões que chegam e que partem e há uma atmosfera que penso que foi o que te identificou com o meu texto, apanha o teu comboio ou se preferires o teu avião e vai lá para o lado do ai! ai! se lá te sentes bem.

Bjs

catwoman disse...

Pronto lá estás tu! claro que quando referi o Casablanca falava da atmosfera, do chapéu, do fumo, da aventura, nem se pode tentar elogiar-te, irra! devia ter mesmo ficado para o lado do ai!ai! porque isto por aqui é só corte. E com esta me vou.

LBJ disse...

Cat,

Lá estás tu a mal entender-me, relê o que te escrevi, eu não te fiz perguntas, eu disse exactamente o que tu agora me disseste e eu percebi o elogio. Não percebi foi essa dos cortes mas deixa lá estar que sempre foi uma expressão que me deixou muito pouco a desejar.