Penso nas palavras do poeta. A vida é a arte do encontro… Penso que passamos a vida à procura de encontro e a chocar de frente com o desencontro. Imagino-me muitas vezes a entrar num bar ou num simples café ou algures onde existam pessoas que nunca vi ou que vejo todos os dias sem nunca lhes ter ouvido a voz ou de ter conhecido o que as atormenta ou as apaixona, pessoas com quem me encontro no desencontro e passar por elas nesse desencontro sem perceber que aquela ali no canto ou a outra ali sentada ou aquela que até me olhou de fugida poderia ter sido a pessoa mais importante da minha vida.
Algumas pessoas importantes da nossa vida podem ser herdadas por laços de família, mas todas as outras são encontros. A vida organiza-se para nos proporcionar encontros. Somos agrupados desde que nascemos, em creches, em escolas, em casas, em ruas, em festas, em praias, em lutas, em crenças, em trabalhos, em empregos e escolhemos ou somos escolhidos. Podemos encontrar amigos, paixões e até amores e ainda outros que nos são indiferentes, aqueles com quem ficamos para sempre mesmo sem ficar ou os outros que nos foram importantes durante uma importância de tempo e que descobrimos depois que afinal não o eram ou os que se transformam de paixões em ilusões ou decepções ou que até vimos a odiar como corpos físicos ou abcessos de espírito que nos assombram.
Podemos questionar da importância do valor dos encontros quando traduzidos em frutos de amizade ou de paixão seja ela degenerativa ou regenerativa embora assuma que a paixão tem sempre um prazo de validade que não vem escrito na embalagem e que até pode ser efémera ou eterna e que o tempo que dura não se mede por padrões de linearidade. Mas eu continuo a preferir os encontros que nos ficam em amizade e que quero no meu egoísmo e na minha entrega incondicionais. Por isso tenho tão poucos amigos e tão poucos os que já não tenho medo de perder porque na sua incondicionalidade se tornaram imunes aos humores e aos rumores e aos dissabores, os que nos ouvem sem falar e nos falam depois de nos ouvir e nos criticam sem nos criticar e nos apoiam e nos empurram quando vacilamos e nos amparam antes de cair ou nos estendem a mão quando já estamos no chão.
Hoje estou aqui sem saber se me encontrarei em amizade ou em paixão ou se apenas num passar de tempo que até pode ser agradável ou de incomodos com risos francos ou fingidos de boa educação ou palavras trocadas com franqueza ou de conveniência e confesso-me ansioso como um adolescente falho de experiencia à espera de que não se notem as borbulhas e as comichões que não quero coçar e de que não sei o que fazer com as mãos, porque as mãos sempre me atrapalham num primeiro encontro e às vezes ainda num segundo e que só sei o que sinto por alguém quando sei o que fazer com as mãos.
Ligo o carro porque a Lua já há muito enxotou o Sol para o outro lado e sinto que a vida me brindou com mais um desencontro, ela, a mulher que me queria conhecer um pouco mais já não viria a este encontro ou nos teríamos desencontrado numa hora errada ou numa esquina errada ou no arrependimento de uma decisão que se tomou num impulso e que se esvaiu de vontade com o passar do tempo ou então algo diferente, algo indesculpável, algo justificável mas pouco me importa porque no final apenas sobra uma oportunidade talvez perdida ou uma oportunidade talvez ganha e arranco com o carro em direcção a um local qualquer que ainda não sei onde fica mas que terá que me preencher um tempo imprevisto.
Vinicius de Moraes e Toquinho - Samba de Bênção
Algumas pessoas importantes da nossa vida podem ser herdadas por laços de família, mas todas as outras são encontros. A vida organiza-se para nos proporcionar encontros. Somos agrupados desde que nascemos, em creches, em escolas, em casas, em ruas, em festas, em praias, em lutas, em crenças, em trabalhos, em empregos e escolhemos ou somos escolhidos. Podemos encontrar amigos, paixões e até amores e ainda outros que nos são indiferentes, aqueles com quem ficamos para sempre mesmo sem ficar ou os outros que nos foram importantes durante uma importância de tempo e que descobrimos depois que afinal não o eram ou os que se transformam de paixões em ilusões ou decepções ou que até vimos a odiar como corpos físicos ou abcessos de espírito que nos assombram.
Podemos questionar da importância do valor dos encontros quando traduzidos em frutos de amizade ou de paixão seja ela degenerativa ou regenerativa embora assuma que a paixão tem sempre um prazo de validade que não vem escrito na embalagem e que até pode ser efémera ou eterna e que o tempo que dura não se mede por padrões de linearidade. Mas eu continuo a preferir os encontros que nos ficam em amizade e que quero no meu egoísmo e na minha entrega incondicionais. Por isso tenho tão poucos amigos e tão poucos os que já não tenho medo de perder porque na sua incondicionalidade se tornaram imunes aos humores e aos rumores e aos dissabores, os que nos ouvem sem falar e nos falam depois de nos ouvir e nos criticam sem nos criticar e nos apoiam e nos empurram quando vacilamos e nos amparam antes de cair ou nos estendem a mão quando já estamos no chão.
Hoje estou aqui sem saber se me encontrarei em amizade ou em paixão ou se apenas num passar de tempo que até pode ser agradável ou de incomodos com risos francos ou fingidos de boa educação ou palavras trocadas com franqueza ou de conveniência e confesso-me ansioso como um adolescente falho de experiencia à espera de que não se notem as borbulhas e as comichões que não quero coçar e de que não sei o que fazer com as mãos, porque as mãos sempre me atrapalham num primeiro encontro e às vezes ainda num segundo e que só sei o que sinto por alguém quando sei o que fazer com as mãos.
Ligo o carro porque a Lua já há muito enxotou o Sol para o outro lado e sinto que a vida me brindou com mais um desencontro, ela, a mulher que me queria conhecer um pouco mais já não viria a este encontro ou nos teríamos desencontrado numa hora errada ou numa esquina errada ou no arrependimento de uma decisão que se tomou num impulso e que se esvaiu de vontade com o passar do tempo ou então algo diferente, algo indesculpável, algo justificável mas pouco me importa porque no final apenas sobra uma oportunidade talvez perdida ou uma oportunidade talvez ganha e arranco com o carro em direcção a um local qualquer que ainda não sei onde fica mas que terá que me preencher um tempo imprevisto.
Vinicius de Moraes e Toquinho - Samba de Bênção
25 comentários:
A vida é feita de encontros e de desencontros. No tempo, no espaço, nos sentimentos, nas emoções.
Há aqueles que julgamos que permanecerão para sempre connosco, mas que na primeira oportunidade vão embora. Mesmo esse encontro desencontrado é significativo. Um encontro limitado, mas não deixa de ter a sua importãncia. Mais que não seja para percebermos que esses não são importantes, que acabam por não fazer falta na nossa vida.
Há aqueles que julgamos que são temporários, com uma função definida na nossa vida. E quando esperamos que se vão embora... não vão. Não partem. Ficam. Permanecem. E nós já não conseguimos imaginar a nossa vida sem esses alguéns.
Muitas vezes frutos de desencontros, os que ficam acabam por se tornarem em encontros. E a nossa vida fica muito mais bela. E ficamos a saber o que fazer com as mãos... ;)
A questão é mesmo essa: Serão oportunidades ganhas ou perdidas...?
Mas mais importante, vale a pena a questão? "Massacrar-nos" ainda mais?
E por falar em encontros, daqui a 3 semanas lá no "encontraremos". Pelo menos na mesma situação. Começou a contagem descrescente para um mundo desconhecido...
Abraço.
Mesmo nos encontros/desencontros conseguimos encontrar algum proveito, mais que não seja ficarmos a saber que aquela não era realmente a pessoa que queríamos encontrar. Podemos ainda encontra a pessoa que se pensava "ser" paixão e afinal é amizade ou a que se pensava amiga e se torna paixão.
A pessoa com quem se calhar nunca nos chegámos a encontrar porque foge ao grupo de que falas pode ser o tal encontro que nos escapou toda a vida.
Enfim...desencontros.
Gostei muito do teu texto, p'ra não variar!
:)
Encontros e desencontros, estradas,cruzamentos e entroncamentos, é pelos caminhos da vida que vamos traçando os nossos amores, as conquistas, as desilusões, os erros. é por aqui que caímos e nos levantamos, umas vezes com uma mão amiga estendida, outras com as mãos no chão para o impulso final.
Sozinhos ou acompanhados, o que importa é estar de cabeça erguida e sorriso nos lábios, porque o destino ha-de cruzar-se connosco, seja por termos escolhido a encosta à direita, ou o beco sem saída à esquerda.
é . A vida é estranha, também já me deprucei nessas palavras algumas vezes : "A vida é a arte do encontro… "
De alguma forma as vidas que levou a minha vida formaram um caminho e somos nós própios que fazemos a escolha, se não consciente , inconsciente. Porque eu posso não concordar muito com : Diz-me com quem andas eu dir te hei quem és, mas friso a importancia da comunicação plena na amizade ou seja em que laço for.
Claro que isso nem sempre é possivel com todos sejam familia ou amigos ou só conhecidos. Mas é SEMPRE possivel para aquelas pessoas que nos parecem especiais.
Eu já conheço esta musica como a palma da mão adoro dança-la para destressar e quando preciso de serenidade.
Saravah Little Boy J ;)
desculpa :
em vez de vidas - voltas
deprucei - debrucei*
própios - próprios*
"A vida é a arte do encontro",tecido cerzido por fios de acasos.
E se ...
" Por isso tenho tão poucos amigos e tão poucos os que já não tenho medo de perder porque na sua incondicionalidade se tornaram imunes aos humores e aos rumores e aos dissabores, os que nos ouvem sem falar e nos falam depois de nos ouvir e nos criticam sem nos criticar e nos apoiam e nos empurram quando vacilamos e nos amparam antes de cair ou nos estendem a mão quando já estamos no chão..." o pa. Nada a acrescentar e ambos sabemos porque.
Abraco forte. Daqueles que vem do coracao!
LBJ, depois do comentário da Rosebud, já não digo mais nada.
Ela resumiu na perfeição, tudo o que eu queria dizer sobre o assunto.
Bêjos :)
A pessoa mais importante da tua vida, ainda estás a conhecê-la: és TU.
Beijitos :)
Este Diário continua no seu ritmo fascinante...cada dia é uma porta aberta e mesmo chegando ao fim do dia com ela fechada...repara se não se terá aberto uma janela...
beijinho grande
Storyteller,
Às vezes é possivel mesmo no desencontro nos encontrarmos, como disses basta ficar mais um bocadinho :)
Beijos
13,
As oportunidades acabam por ser na maior parte das vezes o que fazemos delas.
Desejo-te sorte, essa minha situação parece que irá acabar em breve ;)
Um Abraço
Ana,
Há encontros que nos sabem tão bem, pelas pessoas, pelos momentos, pelas aprendizagens, por coisas tão simples :)
Um Bêjo
Gata,
O destino cruza-se permanentemente connosco nós é que andamos tantas vezes distraidos :)
Beijos
I.D. Pena,
Podia estar aqui a escrever sobre as tuas palavras mas parece-me que te bastará um Saravah ID :)
Um Beijo
Rosebud,
Fico muito contente por andares por aqui ;)
Não seremos nós tecelões impolutos? ;)
Beijos
Billie,
Ambos sabemos porquê :)
Beijos sinceros
Pronúncia,
Mulher prática que me parece que sempre teceste o teu destino :)
Beijos
Fada,
Uma novidade a cada dia:)
Beijinhos
WAI,
Tinha saudades das tuas sempre sábias palavras :)
As janelas que se abrem deixam passar a luz do Sol, nem sempre isso nos parece chegar :)
Beijos
Este texto me fez lembrar uma belíssima múscia de Milton Nascimento, nãos ei se conhece: Encontros e desncontros.
A musica é bela e o texto segue os rastros dela - na beleza e na emoção!
Beijo
Euza,
penso que te referes a Encontros e despedidas e estou neste momento a ouvir sim e é bela :)
Beijos
Fascinada com este espaço, com a vivência descrita por palavras insubstituíveis.
Bj de Lua (quase Nova :-))
Luna,
Bem vinda, volta mais vezes por favor.
Fico contente com o teu fascinio :)
Beijos de Lua que em todas as fases tem o seu encanto :)
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