Era uma vez… O paradigma do contador de histórias, a pontinha do novelo que se vai puxando devagarinho num desenrolar que se deseja sem enleios. Ao orador o novelo desenrola-se em artifícios de língua e na arte da pausa, em gravidades de voz e na comunhão dos silêncios. Ao escritor o novelo desenrola-se em palavras, que se constroem na representação de ideias, projectam acções e reacções, saltam do plano da página para a dimensão emocional e interpretativa do leitor.
A ilusão do novelo infinito e renovável é o sonho do contador de histórias, a ponta que se puxa e não se solta é o seu pesadelo. Quando flutuamos no limbo da ausência de inspiração não nos adianta rezar a deuses, prometer alvíssaras ou sacrifícios de corpo, porque os deuses da invenção são velhos libidinosos e invejosos, sedentos apenas do nosso desespero criativo e trocistas das nossas limitações.
Eu queria um dia ser um contador de histórias, um artífice de palavras, arquitecto de comoções escritas, agarrar nas ideias e escravizá-las à minha vontade, desenvolver enredos e entrecruzar personagens, contar a história de todas as histórias, mas faltam-me vidas, faltam-me dores, faltam-me sentires, faltam-me saberes, faltam-me espaços, faltam-me sonhos, faltam-me caracteres e sobram-me apenas suor e teimosia.
Prometi um post à Storyteller que com lápis, papel e um sorriso me fez uma maldade e espero não a ter desiludido muito.
Prometi ainda incluir no post uma canção da banda sonora da vida dela, ora como não posso adivinhar porque nada sei da sua vida, adivinho-lhe a qualidade do coração e aqui vai a minha escolha.
Bluebells-Young at heart
16 comentários:
Apesar de ser falso, porque TU ÉS UM CONTADOR DE ESTÓRIAS, achei este parágrafo fantástico:
"Eu queria um dia ser um contador de histórias, um artífice de palavras, arquitecto de comoções escritas, agarrar nas ideias e escravizá-las à minha vontade, desenvolver enredos e entrecruzar personagens, contar a história de todas as histórias, mas faltam-me vidas, faltam-me dores, faltam-me sentires, faltam-me saberes, faltam-me espaços, faltam-me sonhos, faltam-me caracteres e sobram-me apenas suor e teimosia."
Enquanto quiseres contar estórias, cá estarei para as ler... :)
Tu escreves DELIRANTEMENTE bem...
Antes de mais, a minha vénia pelo post. Está fenomenal!
Tal como a Pronúncia, não concordo que não sejas um contador de histórias. Acredita, és um contador nato!
Estou extraordinariamente sensibilizada!!! Muito obrigada!
E obrigada pela música. Realmente, faz parte da banda sonora da minha vida...
Mais uma vez, muito obrigada!
;)
Sê humilde mas não tanto. Eu serei humilde o suficiente para te dizer que tens uma capacidade fora do normal para escreveres (mas isto sou eu...).
Se te falta isso tudo, muito bem, mas imaginação e capacidade de escrita é que não te faltam de certeza.
incrível
a forma como escreves
contador de histórias .. é pouco
adorei passar aqui
vou seguir
Gostei fiquei envolvida no enrredo, achei-te deliciosamente humilde :)
e adorei:
"A ilusão do novelo infinito e renovável é o sonho do contador de histórias, a ponta que se puxa e não se solta é o seu pesadelo."
Por isso por cá voltarei.
Beijos e bom fim de semana
E vou acrescentar o quê?... Tu contas as histórias mais fantásticas e não lhes falta nada. Tudo o que é mais importante, relevante, está na tua escrita, vem do novelo de ti, pelo que não te falta nada disso...
Beijo
Não posso acrescentar mais nada porque já foi tudo dito.
Menino Jesus, tu és o meu herói!!!!
Ahahahahah
Pronúncia,
Enquanto as quiseres ler eu tentarei contá-las… :)
Jane,
DELIRANTE é apropriado :)
Storyteller,
Fico satisfeito que tenhas apreciado e sabes que comigo o prometido é devido.
Treze,
Eu não gosto de falsas modéstias, uma coisa é escrever um pequeno texto e outra é contar uma história, uma grande história e para isso falta-me sim muita coisa…
Teresa,
Obrigado :) Volta sempre.
I.D.
Obrigado e volta sim e…
Beijos e um excelente fim de semana
Princesa,
Tu desconjuntas-me… :)
Um Beijo
Ana,
Menino Jesus, nas palhas deitadinho… :)
Herói eu? Tá para se ver…
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